sábado, 19 de abril de 2008

"When you only got 100 years to live" [1]

Desde que tomei a decisão de abandonar meu cantinho ao sol na minha terra natal parece que os anos tem rendido muito mais. Em 6 anos fiz um doutorado e um pós doutorado, viajei por meia Europa (numa conta imprecisa viajei mais ou menos 100 vezes em avião - entrei em um pela primeira vez com 22 anos), me mudei ao menos 5 vezes, vivi em 3 países, dei muita risada, contei muita história e sofri muito também (não necessariamente nesta ordem).

E, de repente, começo a mentalizar que, apesar de tudo, viver a vida é maravilhoso. É um bilhete só de ida onde você tem que percorrer o caminho com suas próprias pernas mas tem muita coisa interessante para se fazer durante a caminhada.

Nunca em minha vida pensei disfrutar tanto dançando. E, quinta-feira, cheguei em casa morto de cansado, acabado, às 4 da matina, de tanto dançar. Com amigas, com meninas desconhecidas, sozinho, girar, pular, errar passos, sorrir, conversar...

As vezes penso que na rápida ampulheta de uma vida eu demorei muito para descobrir atividades que me fazem feliz. Sim, gosto do que faço para ganhar a vida. Sempre gostei. Mas confesso que passei dos limites. Durante os anos da universidade lembro que ia pela manhã para a UFBa, pela tarde para a UCSal, à noite de volta à UFBa e depois eu ia para a Vitória/Graça dar aulas particulares e com isto ganhar o dinheiro necessário para viver mais uma semana e satisfazer meu sonho de comprar um carro.

Ai, ai... tão efêmero carro... hahahahaha...

Ahh... ainda tinha uma namorada que eu via ao menos 3 dias na semana. Como? Hahahaa....

Gostava muito de minha vida mas ela estava somente de um lado. Demorou para descobrir o que era um restaurante ou o prazer de ter algumas coisas. Demorou mais ainda para curtir viagens e ir a pousadas.

Muito mais para curtir dançar. Agora estou em aulas para aprender a velejar e estou curtindo muito. Minha vida é muito mais intensa e assim como era difícil romper a inércia de quando eu estava parado, trabalhando, agora é difícil romper a inércia das atividades.

Tenho saído muito, com muitos diferentes amigos, e sinto falta de sair com outros amigos. Tenho trabalhado muito, aprendido mais ainda. Sofrido com os caminhos da vida mas curtido também as alternativas que estes caminhos apresentam.

Agora estou em casa, organizando fotos, vendo na janela a luz do sol e me preparando para dar uma saída. Penso em quem sabe poder sair à noite para tomar algo e dançar um pouco. Vejo que tenho muito para arrumar na casa e gosto disso. Penso nos desfios do futuro que me dão medo mas que podem me trazer muita felicidade tbem.

Entro no chat com um amigo e fico super feliz com uma notícia sua. Amo muito meus amigos e é tão bom ter verdadeiro prazer e se sentir verdadeiramente feliz com a conquista dos outros como se fossem suas.

De repente, meus anos tem sido intensos. De repente tenho muito o que contar sobre a semana que se passou. Nesta semana fiz muito. Trabalhei, registrei meu primeiro pedido de patente (espero que saia), encontrei com um amigo brasileiro em lua de mel e ficamos duas noites batendo papo até as 3. Dancei muito, tive 2 aulas e fui uma noite para dançar, dançar até o corpo pedir para parar. Registrei meu domínio e estou entrando na net por pura curiosidade do que são as diferente ferramentas. Criei uma web de brincadeira no meu computador pessoal e estou jogando com "Ruby on rails". Não, isto de web e dominio e host não vai dar em nada. Mas, não importa. Não sou mais tão exigente comigo mesmo. Está dando diversão e aprendizado agora. É tudo que quero. Um dia feliz não tem preço. Acordar colocando música e fazer as tarefas da casa dançando e cantando é impagável.

Afinal, não posso voltar a esquecer que temos somente 100 anos para viver, e isto, se tivermos muita sorte!


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[1] 100 Years - Five for Fighting

2 comentários:

João Gramacho disse...

Eu lembro do Corsinha 1.4! Lembro que você o comprou e não tinha dinheiro pra abastecer... que o primeiro tanque foi rechado pela turma da UNITECH (eu, Murillo, Grinaldo) pra podermos ir almoçar no seu carro! Huahuahauhaua!

Realmente a vida dá voltas, e, às vezes, precisamos encontrar novamente um lugar pra chamarmos de "LAR"... coisa que pra alguns talvez não seja tão simples. Mas acho que ter um "LAR" é isso, amigo Polho: é se sentir-se confortável, adaptado à sua nova realidade, motivado!

Claro, as saudades sempre estarão presentes! Faz parte do viver! E não existe coisa melhor que a saudade para lembrar quem somos e o que vivemos. Mas, como você mesmo disse, nesa viagem que é a vida, temos que seguir em frente!

Forte abraço!

Edu disse...

Grande Johny,

Boa lembrança do corsa :)
No post eu tava pensando no chevette que comprei por 1900 reais e foi roubado com menos de 6 meses de uso :)

Claro, nada de seguro.

Pois é meu amigo, é muito bom ter um lar e uma vida intensa.

Um grande abraço.