sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Vale a pena refletir...


Estou vivendo na Europa já há 5 anos. Todas as vezes que venho ao Brasil sofro ao sair nas ruas das grandes cidades vendo os meninos de rua, guardadores de carro, crianças limpando pára-brisas. Fico com uma pergunta na cabeça que não quer calar:

Como pode um país tão rico ter gente morrendo de fome?

Foi um amigo espanhol que me perguntou isto quando estava comigo visitando a Bahia. O pior é que nunca consegui responder a esta pergunta sem passar pela vala comum de reclamar do governo.

Eu sou reticente sempre que o negócio é meter o pau no governo e nos políticos porque vejo os políticos como um reflexo da sociedade. Políticos corruptos só sobrevivem em sociedade onde a corrupção é aceitável.

Não suporto esta atitude de "cordeiro" que tem o brasileiro ante a coisas que são completamente fora do normal e inaceitáveis tipo violência, fome e corrupção.

Dêem uma olhada nestes textos. Vale a pena ler e refletir.


"Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada."
(Maiakovski)
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"Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo." (Bertold Brecht)


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"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar..."
(Martin Niemöller, 1933 - símbolo da resistência aos nazistas)

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"Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima,
Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles;
Depois fecharam ruas, onde não moro;
Fecharam então o portão da favela, que não habito;
Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...
(Cláudio Humberto, em 9/2/2007)

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